Educação federal
Reunidos e mobilizados
Reitor Pedro Curi Hallal participou nesta segunda-feira de atividades com estudantes e professores; está marcada para o dia 30 mais um protesto contra os bloqueios na educação
(Foto: Gabriel Huth - Especial - DP)
Com transparência e mobilização a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) pretende reverter o corte orçamentário imposto pelo Ministério da Educação (Mec) no orçamento de 2019. Exemplo disso foi esta segunda-feira, que teve duas atividades para tratar dos cortes e dos problemas consequentes - a universidade pode fechar as portas em setembro, caso o contexto não se modifique. Durante a manhã, foi a vez do reitor Pedro Curi Hallal conversar com estudantes, professores e servidores do curso de Direito, um dos mais tradicionais da universidade. À tarde, a conversa foi na antiga AABB. Além de dúvidas esclarecidas, o espaço serviu para mobilizar ainda mais a comunidade para os protestos agendados para o dia 30 de maio em defesa da educação.
A apresentação no Direito foi uma espécie de aula pública. Organizado pelo Centro Acadêmico Ferreira Vianna (CAFV), o reitor falou sobre o risco iminente de fechar as portas da universidade sem os recursos para mantê-la. A partir de dados apresentados num projetor, Pedro falava e dúvidas de professores e estudantes eram levantadas e respondidas em números, em fatos.
Fato é, conforme o próprio reitor tem alertado desde o anúncio dos cortes no início de maio, que a universidade pode não completar o ano com as portas abertas aos seus 20 mil estudantes. "E quem está para se formar neste ano, se forma?", perguntou uma estudante. Como resposta, o reitor afirmou: "Não temos como pagar as contas a partir de setembro", sentenciou. Aos estudantes, Pedro pediu mobilização e união para, através de manifestações na rua, reverter o cenário de sucateamento da educação federal.
Mais protestos
Está marcado para o dia 30 mais protestos em todo o Brasil contra os bloqueios. "A gente precisa continuar unidos porque juntos somos mais fortes. Teve muito eleitor do Bolsonaro que estava nas ruas no dia 15 e também foram chamadas de idiotas pelo presidente. Se cada um levar mais um, vamos colocar 20 mil pessoas ao redor da praça no dia 30", disse.
Em reunião com o ministro Abraham Weintraub na semana passada, o chefe da pasta afirmou ao reitor da UFPel que os cortes podem ser revistos, caso seja aprovada a Reforma da Previdência. A manobra é considerada uma chantagem tanto pela reitoria da UFPel como pelos movimentos que tomaram as ruas do país na semana passada.
(Foto: Jô Folha - DP)
Insustentável
Em uma apresentação com dados financeiros da universidade, Hallal disse que a situação é insustentável e novamente tratou do corte como uma decisão política, e não técnica e econômica. O bloqueio significa 34,9% do orçamento da universidade. Pedro também lembrou de greves de 2015, no governo Dilma Rousseff (PT) e 2017, na gestão Michel Temer (MDB), rebatendo argumentos que em outros cortes não houve manifestações na instituição. Em 2015, orçamento de custeio era de R$81 milhões. Caso fosse corrigida pela inflação entre 2015 e 2019, o orçamento deveria ser de R$102,1 milhões, exatamente o dobro do disponível após o bloqueio. No caso dos investimentos, seguindo o mesmo raciocínio, deveriam ser na ordem de R$19,5 milhões - estão disponíveis R$2,3 milhões.
"A gente já está fazendo os ajustes. Diminuímos R$5 milhões nos terceirizados ano passado porque já não ia fechar as contas, cortamos aluguéis, redução de pessoal. Mas, como vocês podem ver (quadro), a conta não fecha até o final deste ano", manifestou. O principal gasto, como mostra o quadro, é no subsídio aos restaurantes universitários, seguido por vigilância e serviços gerais.
Futuro incerto
Os colegas Cleiser Alves Ribeiro, 20 e Guilherme Martins dos Santos, 17, entraram este ano para o curso de Direito. Cleiser é natural de Jaguarão e veio especialmente para estudar. "Eu quero ser juiz algum dia e sem esta oportunidade eu não teria como pagar uma particular", comenta ele que ingressou através do Pave. "Tem tanto lugar pra cortar. A gente já faz o Enem com este sonho de fazer faculdade, aí no primeiro ano a gente vê isso ameaçado", desabafa Guilherme.
O orçamento da UFPel em 2019
Sem bloqueio:
Salários e benefícios - R$670 milhões
Custeio - R$74 milhões
Investimentos - R$9 milhões
Com bloqueio:
Salários e benefícios - R$670 milhões
Custeio - R$ 51 milhões
Investimento - R$2,3 milhões
10 principais custos previstos para 2019
Alimentação - R$10,8 milhões
Vigilância - R$9,5 milhões
Serviços gerais - R$7,2 milhões
Auxílio moradia - R$6,7 milhões
Luz - R$6,6 milhões
Portaria - R$5,3 milhões
PASEP - R$3,6 milhões
Motoristas - R$3,1 milhões
Unidades acadêmicas - R$2,8 milhões
Bolsas - R$2 milhões
Total: R$57,6 milhões
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